Entendendo um pouco o mundo da moda
Moda
Sabemos que uma moda pode regular formas de vestir, de pentear-se etc. A palavra “moda” vem do latim modus, significando “modo”, “maneira”. Em inglês, moda é fashion, corruptela da palavra fancesa façon, que também quer dizer “modo”, “maneira’.
A moda é um sistema que acompanha o vestuário e o tempo, que integra o simples uso das roupas no dia-a-dia a um contexto maior, político, social, sociológico. Você pode enxergar a moda naquilo que escolhe de manhã para vestir, no look de um punk, de um skatista e de um pop star, nas passarelas do Brasil e do mundo, nas revistas e até mesmo no terno que veste um político ou no vestido da sua avó. Moda não é só “estar na moda”. Moda é muito mais do que a roupa.
O conceito de moda apareceu no final da Idade Média (século 15) e princípio da Renascença, na corte de Borgonha (atualmente parte da França), com o desenvolvimento das cidades e a organização da vida das cortes. A aproximação das pessoas na área urbana levou ao desejo de imitar: enriquecidos pelo comércio, os burgueses passaram a copiar as roupas dos nobres. Ao tentarem variar suas roupas para diferenciar-se dos burgueses, os nobres fizeram funcionar a engrenagem — os burgueses copiavam, os nobres inventavam algo novo, e assim por diante. Desde seu aparecimento, a moda trazia em si o caráter estratificador.
Naquela época, não havia sequer sombra de conceito de estilista ou costureiro. Somente no final do século 18 uma pessoa seria responsável por mudanças “assinadas”, quando Rose Bertin ficou famosa por cuidar das toilettes da rainha Maria Antonieta (1755-93) — célebre pela vaidade, extravagância e gosto por grandes festas.
Alta costura
A alta-costura é considerada o território de sonho da moda. Sua origem, claro, é Paris. Em 1858, o inglês Charles Worth (1825-95) acabara de abrir sua própria maison, onde criava roupas para novos-ricos e pequenos-burgueses. Ao ver uma de suas peças, a imperatriz Eugênia, mulher de Napoleão III, indica-o para o cargo de “estilista imperial”. Nascia o conceito de alta-costura (haute couture), e o estilista tinha agora um status de criador supremo, diferentemente das costureiras e alfaiates. Depois de adotada pela alta sociedade, a moda da alta-costura era reproduzida nas máquinas caseiras.
Worth foi quem definiu que devia haver duas temporadas ao ano, acompanhando as estações e, portanto, as mudanças climáticas. Além disso, ao ter mudado a imagem do vestuário e proposto novidades a cada estação, Worth fez nascer também o desejo da compra — força motriz da moda como um todo. Ao final do século 20, com a alegada crise das idéias (revivalismo etc.), muitas vezes as temporadas não mudam tanto assim de uma pra outra, e há mais evolução do que revolução. De quando em quando, alguém sugere que haja somente uma temporada anual, mas até agora isso não aconteceu. Provavelmente nem vai, já que a autofágica engrenagem de mudança da moda precisa desse vaivém para sobreviver.
Outros nomes memoráveis da alta-costura foram Madeleine Vionnet (1876-1975) e Cristobal Balenciaga (1895-1972), até hoje referências na área
O PRÊT-À-PORTER
Prêt-à-porter é o nome francês para “pronto para usar” — que em inglês é o ready-to-wear. Em linhas gerais, pode-se dizer que o ready-to-wear significa a produção em série e em tamanhos predefinidos — o nosso velho e bom P-M-G. O advento do prêt-à-porter foi responsável pela real difusão da moda e pela adequação a novos tempos para consumidores e varejo.
QUEM DITA A MODA?
A cada temporada, ouve-se falar muito de tendências. Tendências para o inverno, tendências para o verão... Em tese, as tendências são o denominador comum da moda. Elas aparecem lá atrás; na ponta inicial da cadeia têxtil, nas empresas que desenvolvem as fibras e as fiações.
Nem tudo o que os estilistas propõem nas passarelas é aceito. Algumas modas simplesmente “não pegam”. A rua impõe suas vontades, e essa idiossincrasias ou rebeldias partem — normalmente — dos jovens. A música serve para aglutinar adolescentes desde o final dos anos 50, quando se estabelecem os teenage styles, unificados pelo gosto musical.
O STYLIST
Nesse segmento, é fundamental a figura do stylist. A palavra apareceu no final dos anos 90 e tem sua relevância cada vez mais destacada. Muita gente no Brasil pode achar queo stylist é o estilista, devido à semelhança das palavras. Mas o stylist é um super-produtor de moda. É aquele que vai definir a imagem final do trabalho. No caso de um desfile, trabalha com o estilista e com os diretores de criação — e muitas vezes de arte também — para resolver como será o look.
A moda(Erika Palomino)